Autor: Victoria Schwab
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 322
Ano: 2016
Classificação:
Sinopse: Imagine um lugar onde, como livros, os mortos repousam em prateleiras. Cada corpo tem uma história para contar, uma vida disposta em imagens que apenas os Bibliotecários podem ler. Aqui, os mortos são chamados de Histórias, e o vasto domínio em que eles descansam é o Arquivo. Mackenzie Bishop é uma implacável Guardiã, cuja tarefa é impedir Histórias geralmente violentas de acordar e fugir do Arquivo. Naqueles domínios, os mortos jamais devem ser perturbados, mas alguém parece estar, deliberadamente, alterando Histórias e apagando seus trechos essenciais. A menos que Mac consiga juntar as peças restantes, o próprio Arquivo sofrerá as consequências.
O gênero Jovem Adulto - ou YA, se preferir - cresceu muito nos últimos anos. Com isso, a tendência é vermos cada vez mais histórias parecidas, onde só se mudam os personagens, pois a ideia é sempre a mesma. Mas aí, para a nossa alegria, existem autoras como Victoria Schwab, que conseguem trazer um respiro de originalidade mesmo em meio a tantas cópias.
A Guardiã de Histórias possui uma premissa incomum. Mackenzie (ou Mac), uma menina de 16 anos, vive como guardiã dos mortos, mortos esses que ficam guardados em um local chamado Arquivo. No Arquivo as pessoas são catalogadas e mantidas em prateleiras, como livros. Na mitologia de Schwab, quando morremos, não nos tornamos fantasmas ou espíritos errantes, e sim Histórias. Há também os Estreitos, que é o "local" onde Histórias podem acabar vagando e cabe aos guardiões retorná-las ao Arquivo.
No começo é um pouquinho difícil se situar no enredo, mas após alguns capítulos vamos nos acostumando com os termos e as regras do mundo de Mackenzie, e aí tudo se torna bem simples. Esse é um daqueles livros em que é difícil explicar qual é o plot, porque mesmo não sendo complexo, envolve um entendimento prévio do universo criado.
O tom do livro é bem dark, devido ao luto que a personagem principal está passando e toda a aura que envolve o Arquivo. Em algumas situações há momentos mais leves, e isso dá uma balanceada em meio à tristeza. Não há exatamente um romance, então quem não curte muito pode ficar tranquilo que o que temos aqui não chega nem perto de ser um romance meloso ou um triângulo amoroso.
Gostei muito de ver uma protagonista que não é órfã. Sério, essa premissa já está ficando muito cansativa, autores, apenas parem. Acho que o fato de Mackenzie ainda ter seus pais vivos e presentes traz uma dinâmica que funciona muito bem, já que a personagem precisa lidar com situações que se aproximam da realidade (por exemplo: as diversas mentiras que ela tem de inventar para que seus pais não descubram onde ela vai de verdade). Os personagens secundários também são muito queridos, simpatizei muito com Wes e Roland.
Tenho apenas duas ressalvas. A primeira é a teimosia de Mac, que em alguns momentos tornou a personagem bem irritante e mimada, o que até pode ser compreensível pela idade dela mas mesmo assim me fez revirar os olhos. Essa teimosia também é responsável pelas inúmeras vezes em que a personagem cita que detesta ser tocada (isso é explicado, mas mesmo assim achei bem chato ela não querer encostar nem nos próprios pais).
A segunda é em relação ao desenvolvimento narrativo. Por mais que A Guardiã de Histórias tenha um enredo muito original, Schwab toma decisões bem previsíveis no decorrer da história, surpreendendo bem pouco mesmo no clímax da obra. Não é difícil identificar que rumo os acontecimentos tomarão depois da metade do livro.
Mas mesmo com esses fatores, esta é uma obra ímpar em seu gênero, com uma vibe sombria e mórbida que dificilmente encontramos em livros de YA. Recomendo para quem curte histórias sobre família e luto, com um pouquinho de investigação e um universo diferente do que vemos normalmente. Anseio pela continuação da trilogia e não vejo a hora de ler outros livros dessa autora!
Vou ficando por aqui, comente se você se interessou (ou não) por essa leitura!
Beijos e até o próximo post :*
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