Editora: Gutenberg
Páginas: 288
Ano: 2015
Classificação:
Sinopse: “O movimento é impossível.” É o que Astrid Jones, 17 anos, aprendeu na sua aula de filosofia. E, vivendo na pequena cidade em que mora, ela começa a acreditar que isso é mesmo verdade. São sempre as mesmas pessoas, as mesmas fofocas, a mesma visão de mundo limitada, como se estivessem todos presos em uma caverna, nunca enxergando nada além.
Nesse ambiente, ela não tem com quem desabafar suas angústias, e por isso deita-se em seu jardim, olha os aviões no céu, e expõe suas dúvidas mais secretas aos passageiros, já que eles nunca irão julgá-la. Em seu conflito solitário, ela se vê dividida entre dois mundos: um em que é livre para ser quem é de verdade e dar vazão ao que vai em seu íntimo, e outro em que precisa se enquadrar desconfortavelmente em convenções sociais.
Em um retrato original de uma garota que luta para se libertar de definições ultrapassadas, este livro leva os leitores a questionarem tudo e oferece esperança para aqueles que nunca deixarão de buscar o significado do amor verdadeiro.
Já ouço falar de A. S. King há algum tempo e sempre senti curiosidade pelas suas histórias, que aparentavam conter realismo mágico, que é algo que raramente encontro nos livros que leio. Quando soube que Os Dois Mundos de Astrid Jones tinha uma protagonista que está se descobrindo/aceitando lésbica, me interessei ainda mais por não ter tido a oportunidade de ler nada parecido até o momento.
Não considero spoiler dizer que o livro tem uma temática LGBT+. Na verdade, é bem importante frisar isso logo no início dessa resenha para que você entenda que os conflitos em relação à sexualidade dos personagens permeiam grande parte da obra, e este fator traz pontos positivos e negativos que vou abordar ao longo do texto.
Astrid Jones é uma personagem comum. Uma adolescente meio revoltada que tem problemas com os pais e está tentando se encontrar no mundo. Apesar de Astrid ser bem "normal", não me identifiquei muito com ela; me senti uma amiga acompanhando sua história e torcendo para que tudo desse certo no final. Mas esse sentimento de normalidade é um dos pontos fortes da obra, pois torna os acontecimentos ainda mais reais e de fácil reconhecimento. As situações pelas quais Astrid passa com seus amigos são bem típicas da fase em que ela vive, e isso é importantíssimo quando se trata de livros contemporâneos.
Apesar de ter gostado do grupo de amigos de Astrid, achei um pouco forçada a revelação sobre Kristina e Justin, ficou tudo muito conveniente. O relacionamento amoroso não é dos mais profundos, por muitas vezes a gente vê o quanto a protagonista está confusa em relação a seus sentimentos, algo que acredito ser bem próximo da realidade.
O toque "mágico" da obra é sutil, mas bem fofo. O ato de mandar amor para as pessoas é tão puro e altruísta, não sei se eu conseguiria lidar assim com as situações difíceis. As consequências desse amor que Astrid envia são ainda mais bacanas e nos dão uma visão geral do que uma pequena atitude pode gerar, algo meio Efeito Borboleta, sabe? Achei uma graça.
Fiquei com o coração apertado em vários momentos do livro. Me dói pensar que tantos jovens passam pela difícil tarefa de se assumir como realmente são. Não devia ser assim, gente! Não devia ser tão triste, tão dramático, tão cheio de ódio. Mas tenho esperanças de que a vida se torne mais fácil para a comunidade LGBT+ e a sociedade comece a entender que orientação sexual não muda a personalidade e o caráter de ninguém, não torna a pessoa melhor ou pior.
Foi um misto de emoções, e eu terminei a leitura com a mente e o coração tranquilos. Já quero conferir os outros livros da autora em breve. Recomendo pra todo mundo que deseja ler uma história leve e que aborde assuntos sérios ao mesmo tempo, com uma pitadinha de mágica.
Me conta aí embaixo o que você achou desse livro pela minha resenha: se interessou? Vai deixar pra outro momento? Quero saber!
Beijos e até o próximo post :*
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